Vira e mexe são feitas
pesquisas com a seguinte pergunta: Qual é o seu maior medo? Quase sempre o medo
de falar em público aparece em primeiro lugar, à frente de outros medos que, em
tese, causariam muito mais dano ou prejuízo como o medo da morte, doença ou problemas
financeiros. Isso é perceptível no dia a dia, as pessoas em geral fogem de situações
em que precisam falar para um público, mesmo que seja para um pequeno público.
Eu mesmo por boa parte
da minha vida fugi de situações como essas, a exceção
era na faculdade onde, vez ou outra, era preciso apresentar algum seminário.
Como estudei em universidade pública, de vez em quando surgia um professor
vagabundo com preguiça de dar aula entupindo os alunos com seminários a serem
apresentados.
Entretanto, esse medo
de falar em público atingiu o seu ápice quando, em um processo seletivo para
uma grande companhia, eu tive uma performance lamentável e embaraçosa na
dinâmica de grupo. Estávamos em uma sala, com mais ou menos 20 candidatos, e
cada um deveria falar de suas experiências e expectativas profissionais, na
frente de todo mundo. Antes da dinâmica eu notei que muitos candidatos já se
conheciam e já haviam formado panelinhas de conversa. Meu objetivo ali não era
me enturmar, então fiquei meio isolado. Isso, de certa forma, já minou um pouco
minha confiança.
Quando chegou minha
hora de falar, fiquei muito nervoso e minha voz saiu embargada e trêmula,
deixando nítido o meu desconforto e nervosismo. Eu nem sequer lembro o que falei e imagino que não tenha sido nada de muito admirável. Obviamente não fui aprovado
nessa etapa e isso me causou um certo trauma relativo a falar em público.
Quando isso aconteceu, eu devia ter uns 21 ou 22 anos. Desde então eu fugia de falar em público como diabo foge da cruz, sempre pagando de ser uma pessoa que não tem vocação pra esse tipo de coisa, que não era meu perfil, etc (conheço gente com seus 50 anos dando essas mesmas desculpas).
Eu, quando alguém tocava no assunto "falar em público" |
Acontece que em
determinado momento da minha carreira profissional (eu já devia ter uns 26
anos) eu trabalhava num departamento que era especializado em um assunto
específico. Naquele momento estava sendo preparado um evento que iria abordar,
dentre outros, justamente esse assunto em que meu setor era especializado e eu
era especialista. Sendo assim, fomos convocados a enviar um representante para
palestrar nesse evento.
Em condições normais
quem iria era o Coordenador, mas por alguma razão ele não pôde ir e a segunda
opção dele também não estava disponível na data. Então de especialista no
assunto que seria objeto da palestra sobrou eu e outro colega, cada um mais
medroso que o outro em relação a falar em público.
Depois de muita
pressão e insistência do Coordenador para que um de nós palestrasse, e após
tentarmos fugir de todo jeito eu tomei uma decisão meio que no impulso: eu ia
encarar esse desafio! Naquele momento eu pensei que aquela situação seria um
divisor de águas, ou eu superava esse medo de falar em público ou eu ia fugir disso
pra sempre. Já havia se passado alguns anos desde meu vexame na entrevista e já
era hora de virar essa página!
Me preparei arduamente
para essa palestra, estudei e reestudei o assunto que seria abordado, montei
slides maravilhosos, peguei casos práticos bem interessantes, ensaiei na frente
do espelho quase todo dia, até que chegou o grande dia.
O público que me
esperava não era tão grande, na faixa de 50 pessoas, mas em compensação era um
público qualificado, só autoridades. Fui ao banheiro várias vezes me certificar
que minha imagem pessoal estava impecável, ajustar a gravata, tirar poeira do
terno, ajeitar o cabelo e repetir mantras do tipo “eu posso”, “eu consigo”. Até que chegou minha
hora de subir ao palco.
Nos primeiros 2
minutos de apresentação minhas mãos ficaram trêmulas e minha voz ameaçou falhar
e embargar, transportando minha mente, por alguns segundos, diretamente para aquele
fatídico dia da dinâmica coletiva. Falei de forma pausada para evitar que o
nervosismo fosse notado e após esses dois minutos iniciais foi como se uma
chave tivesse virado: me senti numa crescente de confiança, gradualmente me
senti dono da situação, poderoso na frente de todas aquelas pessoas que
prestavam atenção em mim.
Com a confiança
aumentando, meu desempenho foi ficando cada vez melhor. Chegado o momento dos
casos práticos, rolou uma interação e troca de argumentos muito interessante e
minha atuação como mediador foi impecável. Eu realmente me surpreendi com meu
desempenho.
Após os 2 minutos iniciais, não fiquei nervoso em mais nenhum momento da palestra, só perdi um pouco minha linha de raciocínio quando direcionei meu olhar para uma Promotora lindíssima e estonteante. Uma quarentona de tirar o fôlego. Aqueles olhos verdes me fitando me levaram a 2 segundos de deslocalização em relação ao que eu estava falando. Incrível como a beleza feminina exerce um fascínio gigantesco nos homens. Por precaução, evitei olhar pra ela.
Lembro que ao final da
palestra algumas pessoas vieram falar comigo sobre o conteúdo abordado (sinal
de que a palestra gerou interesse) e uma pessoa específica chegou pra mim
apenas pra elogiar, disse que a palestra foi ótima e que eu era muito
cativante! Isso foi incrível, uma redenção após tanto tempo fugindo!
Ninguém me segura mais! Sai da frente se não eu atropelo! |
Depois desse episódio,
passei a não fugir mais de situações em que é preciso falar em público, tanto em eventos e palestras como (com muito mais frequência) em reuniões internas e externas. É perceptível que
quanto mais vezes eu sou exposto a a situações como essa, mais minha capacidade e
confiança para encarar esse tipo de desafio aumenta, e logicamente meu desempenho é cada vez melhor.
Em relação a isso faço um destaque
importante:
Se você quiser crescer
na carreira tem que se acostumar a falar em público!
Para quem almeja
crescer na carreira, falar em público com alguma desenvoltura é condição
essencial. Não adianta fazer um trabalho técnico impecável, desenvolver
sistemas maravilhosos, escrever relatórios elucidativos, desenhar projetos
revolucionários se não souber apresentar e defender o seu trabalho na frente de um público qualificado.
As oportunidades de ascensão profissional que me surgiram foram graças ao combo de:
1) trabalho tecnicamente louvável;
2) apresentação impecável; e
3) formação de networking.
Quem tem medo de falar em público se restringe apenas à primeira etapa, o que não é muita coisa pois quem ganha os créditos por um trabalho, sempre é aquele que mostra a cara! Quem está nos bastidores, apenas fazendo o trabalho técnico, só pega as migalhas.
As oportunidades de ascensão profissional que me surgiram foram graças ao combo de:
1) trabalho tecnicamente louvável;
2) apresentação impecável; e
3) formação de networking.
Quem tem medo de falar em público se restringe apenas à primeira etapa, o que não é muita coisa pois quem ganha os créditos por um trabalho, sempre é aquele que mostra a cara! Quem está nos bastidores, apenas fazendo o trabalho técnico, só pega as migalhas.
Abraços,
Ministro
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Ministro!
ResponderExcluirEsse realmente é um ponto de bastante atenção. Não é necessário ser um apresentador eloquente, não precisa ser igual o Silvio Santos, que cativa qualquer um que cruzar o caminho dele, mas é essencial saber ao menos se apresentar em público, organizar as ideias e discorrer sobre um assunto para uma platéia.
Vejo muito gente, que pra falar pra colegas de anos, se "borra" todo, gagueja e parece que vai dar tela azul! Imagina se tiver que falar para desconhecidos...
Abraço!
Com certeza Wannabe!
ExcluirNão é preciso ser piadista nem falastrão para fazer boas apresentações, o importante é saber passar a ideia de forma simples e didática para os interessados.
Essa coisa de falar em público deixa muita gente desesperada, tem gente que não consegue sequer fazer um discurso de agradecimento em festinha de aniversariante do mês...
E como eu disse: só cresce quem aparece, e para aparecer tem que perder o medo!
Abraços!