segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Como Testar uma Ideia de Negócio Online



Atingir o primeiro milhão, a independência financeira, ou qualquer objetivo financeiro demanda, primariamente uma coisa: aportar! E para aportar é preciso sobrar dinheiro no fim do mês, coisa que fazemos de duas formas: ou cortando gastos ou aumentando as receitas.

Para os assalariados, como eu, aumentar receita não é uma tarefa tão corriqueira, pois a tendência dos salários é permanecer estável por longos períodos de tempo. A melhor forma então de dar um "up" na renda é fazendo negócios "por fora".

Mas ai surge um probleminha: se o indivíduo já vende quase o seu dia inteiro para o seu emprego formal, lhe sobra pouco do seu tempo para vender. Por isso que, nesses casos, deve-se pensar prioritariamente em negócios escaláveis, que funcionem no semi-automático, que possam crescer mesmo quando o dono estiver dormindo.

É ai que entram os negócios online: a internet é o melhor ambiente para se ter um negócio escalável, e as possibilidades são inúmeras. Por exemplo, enquanto eu estou dormindo, pode ser que alguém esteja lendo esse artigo e clique em algum banner de propaganda do site. Bingo! Ganhei uns trocados dormindo, isso é escalabilidade!

Tudo bem que a renda de adesense não é lá essas coisas, mas existem formas mais rentáveis de ganhar dinheiro na internet. Você pode revender produtos importados, pode ser um Youtuber ou Instagramer e promover o produto de outras pessoas, pode criar aplicativos, pode participar de programa de afiliados, etc.

Mas, acredito que uma das formas mais rentáveis de ganhar dinheiro online é empacotar seus conhecimentos em um produto, e vendê-lo online. Mas que produto? Pode ser um livro, um treinamento em vídeo, um fórum exclusivo para assinantes, um workshop ao vivo pelo facebook, etc.



Mas adivinha só, isso não é novidade pra ninguém. Já tem pipocando por ai produtos de todo tipo, e nos nichos mais conhecidos - ganhar dinheiro online, emagrecer, conquistar mulheres, aprender inglês - a concorrência é muito grande, e já há grandes players disputando o mercado.

Por isso, para se dar bem é preciso inovar: buscar nichos específicos e não explorados, buscar uma forma diferente de entregar o produto, buscar um diferencial de marketing, etc. Lógico que antes de qualquer coisa você deve entender do negócio, não adianta nada querer criar um curso "Como Surfar as Melhores Ondas do Mundo" se você mora no interior do Mato Grosso, nunca viu o mar e nem chegou perto de uma prancha de surf.

Ok, Senhor Ministro, eu tenho uma ideia super inovadora, mas como vou saber se ela vai funcionar? A resposta é simples: testando. Mas ai você pensa: "caramba, eu vou ter um trabalho descomunal para desenvolver esse produto mas nem tenho certeza se há pessoas, de fato, dispostas a comprá-lo".

Deixa eu contar a história do João...

João trabalha como guarda municipal e é isso que sustenta sua casa e sua família. No entanto, não dá pra dizer que João é uma pessoa totalmente realizada profissionalmente, na verdade João é um cara esotérico, um profundo estudioso de assuntos místicos, sendo esse seu hobby preferido, de vez em quando ele até faz o mapa astral de parentes e amigos. Mas a sua especialidade mesmo é a numerologia cabalística.

Precisando de um dinheiro extra, ele então decidiu tentar ganhar alguma coisa cobrando para fazer os mapas, mas logo ele pensou: "se eu conseguir alguns poucos clientes meu tempo vai ficar escasso, pois fazer os mapas demanda muito esforço". Logo ele concluiu que não era um negócio escalável. Pensando na escalabilidade do negócio ele teve uma ideia melhor: fazer um curso online ensinando a numerologia cabalística para outras pessoas, tanto para quem quer fazer seu próprio mapa, como para aqueles que querem ganhar dinheiro com isso. Perfeito! Um negócio escalável!

No entanto João tinha muito receio de dedicar meses na criação de seu curso de numerologia cabalística (escrevendo roteiro, criando apresentações, diagramando material didático, gravando vídeos, editando vídeos, etc) e, quando finalmente lançasse o produto, descobrir que simplesmente não havia mercado suficiente para absorver aquela oferta, afinal, quem mais você conhece que gosta de numerologia cabalística. João pensava que talvez fosse o único na sua cidade que gostasse daquilo, era um nicho muito específico.

Isso acorrentou João por muito tempo, ele queria criar o seu curso, mas pensava "vou ter um trabalhão e no fim das contas não vai ter ninguém para comprar". Até que, certa feita, alguém presentou João com o livro "Startup Enxuta" e ele descobriu o conceito de MVP (Minimum Viable Product).

A ideia é muito simples, antes de gastar uma enorme quantidade de tempo e de dinheiro desenvolvendo um produto sem saber se o público consumidor vai de fato absorver essa ideia, é mais eficiente criar antes um protótipo, uma versão beta do produto, um mínimo produto viável. Essa versão beta teria vários fins: validar o público alvo, conhecer melhor o público alvo, coletar questionamentos e objeções para aperfeiçoar o produto, e ainda levantar alguns fundos. A ideia é vender esse produto beta, o MVP, por um preço muito baixo, sem, contudo, deixar de entregar um produto de valor (apesar de não ser o produto "cheio").



Em se tratando de um jogo de computador é fácil imaginar isso: se tenho uma ideia ultra inovadora de um game de futebol para concorrer com FIFA e PES, eu crio uma versão beta desse game (com poucos times, poucos estádios, apenas um modo de jogo) e oferto esse jogo por R$ 9,90 para um pequeno extrato do meu público alvo (amantes de futebol e de games).

Tal atitude vai me dizer várias coisas: se meu produto tem mercado, se o meu marketing está conectando com os potenciais clientes, se o meu público alvo é de de fato meu público consumidor, se a forma de pagamento e entrega do produto é satisfatória, se o produto em si está atendendo às expectativas dos compradores, etc. Esses primeiros compradores serão minhas cobaias e eu farei questão de estar em intenso contato com eles. Já eles, por sua vez, se sentirão empolgados em fazer parte da construção de algo.

Mas o que fazer no caso do João, que quer lançar um curso online de numerologia cabalística? Bom, João tem planos de fazer um curso bem imersivo, com várias vídeo aulas, workshops ao vivo e encontros presenciais mensais. Tudo isso dá muito trabalho, então como fazer uma versão beta disso, como criar o seu MVP, mínimo produto viável?

Como João tinha facilidade para escrever, ele decidiu criar um E-Book. Não seria tão imersivo como o mega curso que ele planejava, mas já seria um produto muito bom em que ele ensinaria todos os conceitos da numerologia cabalística. Em duas semanas João escreveu o livro, fez a diagramação no Power Point mesmo, e gerou um PDF. Em seguida preparou o seu marketing. Aqui um ponto importante: o produto MVP deve ser vendido como um produto de verdade, e não como um "teste" que você está fazendo, afinal, quem vai pagar por um "teste"? O objetivo é testar o mercado, portanto o marketing deve ser robusto, e, claro, o produto, apesar de não ser o completão que você imagina, deve ser muito bom!

As possibilidades de MVP são inúmeras e nos mais variados modelos de negócio. Por exemplo,  supondo que pretendo montar um negócio de venda de camisas de rugby importadas da China. É um nicho bem específico, como fazer meu teste de mercado, meu MVP? Antes de investir na montagem de um mega site de e-commerce e importar um caminhão de camisas, por que não comprar algumas poucas camisas a pronta entrega no Brasil mesmo e revendê-las pelo Instagram/Facebook com uma margem de lucro mínima ou mesmo sem lucro nenhum?  Se as vendas derem certo, ai sim se passa a importar as camisas e montar o site.

Logicamente se o objetivo é testar e validar o produto é preciso traçar metas, um número de vendas que permita concluir que sim, há um mercado para aquele produto. Também é interessante montar alguns perfis de público alvo diferente, para testar qual é de fato o público consumidor daquele produto. É igualmente importante determinar um orçamento para a oferta desse MVP, pois não adianta queimar dinheiro em todo tipo de anúncio se o produto não funciona. E, por fim, saber abrir mão do projeto, caso seja comprovado que ele não funcione.

E ai vamos tirar as ideias do papel?

Abraços,

Senhor Ministro

10 comentários:

  1. Eu também gosto muito de empreendedorismo tanto físico como digital, escrevo no meu blog sobre isso também.

    Acredito que negócios de baixo investimento inicial e com muito potencial de lucro no longo prazo, podem acelerar o acumulo da riqueza, pois seus rendimentos tem potencial de crescer com o passar dos anos. Claro que não é fácil, é preciso trabalho e persistência.

    A ideia do MVP foi ótima, super útil, começar pequeno e ir crescendo.

    Abraço e sucesso.

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    1. É isso ai DIL!

      O investimento financeiro, de fato, é baixo no início, mas o investimento intelectual é enorme. Mas o bom é que depois do esforço inicial, um negócio desse tipo demanda cada vez menos tempo.

      O MVP é muito interessante tanto para testar o mercado como para quem está travado para começar. Dar o primeiro passo abre muitas portas!

      Abraços!

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  2. Problema de cursos online sao a pirataria. Voce tera seu curso sendo vendido a 1,00 no mercado livre ou divulgado de graça na internet.

    Abraço

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    1. Mentira! VDC é mimizento!

      Tenho amigos que estão ganhando rios de dinheiro com cursos online (uns 20 mil por mês) em nichos bem específicos, até largaram seus próprios empregos e trabalham menos de 40h na semana.

      O mais engraçado é que eles não conheciam NADA do que hoje estão ensinando como experts, em apenas 2 anos de muito esforço e pesquisa diga-se de passagem, montaram as aulas, materiais, blogs, canais no youtube e etc e hoje só colhem os frutos.

      O segredo está no marketing digital, existem diversos livros que ensinam os macetes, mas o VDC mimizento nem sabe negociar compra e venda de lotes, imagina conseguir montar e vender o próprio curso.

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    2. E ai VdC!

      Esse lance de pirataria é lógico que existe, mas isso não impede que muita ente lucre muito. Esse é apenas um empecilho, dentre vários outros, que devem ser superados, mas nunca um motivo para inviabilizar o negócio ou desistir.

      Até pq, para se chegar ao nível de alguém piratear seu curso, quer dizer que você já atingiu relativo sucesso.

      É o mesmo conceito que o Termos Reais aplica no seu artigo "3 Motivos Inimagináveis Para Querer Muitos Haters em Sua Vida"

      https://termosreais.com/2018/02/19/quanto-mais-melhor-haters-sao-sinal-de-sucesso/

      É possível ler o artigo pensando "3 Motivos Inimagináveis Para Querer Ter Seu Curso Online Pirateado"

      Abraços!

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    3. Anon,

      Você está certo, não é a maioria, mas temos sim muitos casos de pessoas que largam empregos formais para viver de cursos online. Eu mesmo sei de um caso de um servidor público, que ganhava cerca de R$ 15k e pediu licença sem salários, para viver só de curso online.

      Essa questão de ser expert é até engraçada, pois a maioria das pessoa é apenas mediana em qualquer assunto. Qualquer um que estude um pouco mais pode ser expert em qualquer área. Também há a possibilidade de se associar a um expert do nicho e lançar um curso em sociedade.

      Você foi muito preciso na sua colocação, o marketing digital é 50% do produto. Os outros 50% são o produto em si.

      Abraços!

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  3. Caro Ministro,

    Seu blog é muito bom, um dos melhores da finansfera, você aborda assuntos muito interessantes de forma pertinente, muito bem escritos e com argumentos muito sólidos, é um prazer sempre vir aqui ler mais um artigo seu, sou fã mesmo.

    Diferente do mimizento do VDC que só fica choramingando e excluindo os comentários contrários às ideias dele, você não, sempre entra na discussão com os leitores mesmo quando não concorda e contra-argumenta de forma civilizada.

    Meus parabéns mesmo e sucesso com sua empreitada!

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    1. Obrigado pelos elogios Anon!

      Apesar de o blog não render praticamente nada, gosto de escrever aqui e gosto dessa interação nos comentários, mesmo que seja para discordar, o debate é sempre bem-vindo!

      Abraços!

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  4. Grande Ministro Blz?
    Muito bacana o Post, mas não da pra fazer o MVP daquele hamburguer ali.
    O outro tem muito mais coisa, são sabores diferentes e o preço será diferente também..kkk

    Parabéns pelo assunto abordado.

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    1. E ai sem noção!

      Cara, supondo que você tenha em mente abrir uma hamburgueria vegana, você pode começar testando o mercado com um hambúrguer simples e barato mesmo, numa plataforma de vendas mais simples: pode ser em parceria com algum food truck, pode ser por vendas na internet com opção de delivery, etc.

      Caso a experiência seja positiva e a partir das percepções coletadas junto aos compradores do hambúrguer simples, ai passa-se ao desenvolvimento de novas receitas, com sanduíches mais incrementados, com uma plataforma de vendas mais robustas (como uma loja física ou a expansão do sistema delivery para um site mais robusto e aplicativos de pedidos de comida), e, claro, cobrando mais por isso.

      Abraços!

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