segunda-feira, 16 de abril de 2018

Enriquecimento e Sensação de Injustiça Com os Pobres


Esses dias estava lendo alguns blogs, especificamente o blog Clube dos Poupadores, que é um blog de finanças não anônimo e mais mainstream, e que, portanto, não tem algumas liberdades que nós aqui dos blogs independentes temos.

Esse blog fez uma postagem sobre "como juntar dinheiro", artigo bem interessante, mas o que chamou a atenção mesmo foi um dos comentários, que embora expresse tão somente a opinião pessoal do comentarista, reflete o pensamento de muita gente e uma certa doutrinação comunista ainda forte no Brasil. Vejamos então o comentário:



Doar dinheiro para reduzir a sensação de injustiça por enriquecer em detrimento dos pobres....

Fazia tempo que eu não lia tanta besteira. Nada contra fazer doações, inclusive a maioria dos grandes capitalistas e bilionários doam muito dinheiro mas a questão aqui é outra...o que me chama a atenção (negativamente, claro) é esse constrangimento e pesar por enriquecer, como se fosse algo errado, como se o enriquecimento de alguém fosse a causa direta da pobreza de uma multidão, uma visão típica comunista.

A verdade é que, independente da corrente filosófica, tem muito brasileiro que nutre o sentimento de que os ricos são pessoas más, que enriquecem às custas de roubalheira, corrupção ou da exploração escravocrata do trabalho alheio. Outros dizem que dinheiro não compra felicidade, que preferem ter tempo ao invés de dinheiro, que a ganância é pecado, que não devemos focar nossa existência na obtenção de bens materiais.

São inúmeras as desculpas que as pessoas arranjam para racionalizar o simples fato de que não são capazes de acumular capital e enriquecer. A realidade é que todo mundo gostaria de ter mais dinheiro, mas poucos estão dispostos a fazer o que é preciso para conseguir isso e ai entoam as desculpinhas que citei no parágrafo anterior.

Todo mundo conhece ou já conheceu um "João Silva" da vida. Abrir os olhos dessas pessoas é tarefa bem complicada na maioria das vezes, mas, no mínimo, devemos usá-los como exemplo de como não lidar com o dinheiro.

Abraços,

Senhor Ministro

Contato: mininvestimento@gmail.com



22 comentários:

  1. "esse constrangimento e pesar por enriquecer, como se fosse algo errado". Cara é exatamente a sensação que tenho quase todos os dias. É impressionante no que o mundo está virando. Comunismo ou a sensação de socialismo está tomando conta da mente das pessoas !

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é AA40,

      O pior é que isso é entranhando na mente das pessoas desde a escola, passando pelas universidades também.

      É complicado tirar essa crença das pessoas, esse é um dos motivos pelo qual é tão complicado conversar sobre finanças com a maioria das pessoas do nosso círculo social.

      Excluir
  2. Ministro isso no Brasil é uma questão cultural. Dizem que o pobre no Brasil é discriminado, mas muitas vezes tenho a sensação de que ricos são muito mais julgados, crticados e estereotipados que os mais humildes.

    Isso ocorre também logicamente pelo número de ricos ser muito menor que o de pobres e da classe média brasileira.
    Rico no Brasil ou nem tão rico assim, basta estar acima da média dos que o cercam, é visto como fresco, metido, explorador etc. Isso automáticamente, sem que a pessoa tenha feito nada para merecer tais adjetivos.
    Veja os afjetivos como os mais afortunados são tratados até mesmo aqui na blogsfera, por pessoas que dizem querer a IF, progredir, enriquecer etc.
    A inveja é um dos componentes disso também. Mas aqui no Brasil e talvez em todo o mundo porque muitas dessas reações fazem parte do ser humano independente de nacinalidade existem "preconceitos" contra tudo e partindo de todos, ora discriminamos, ora somos discriminados.

    E deixo claro que meu comentário é feito baseando-se em minhas observações ao longo da vida e nõ sou rico, pelo contrário sou aportador a alguns anos e ainda estou longe da IF plena e venho de família de origem humilde que conseguiu alguma coisa baseado na disciplina e equilíbrio.

    Baseando-se nessas coisas as classes sociais acabam não se misturando muito e basicamente cada uma vai vivendo dentro de seus universos, suas bolhas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E ai Anon,

      Com certeza essa é uma questão cultural, o brasileiro em geral tem uma tendência muito maior de ter inveja de alguém que enriquece do que se inspirar nessa pessoa.

      A verdade é que poucos são os que tem a capacidade e mentalidade para serem ricos. Muita gente se escora naquele velho papo de "desigualdade de oportunidades" mas é como diz aquela estorinha "se toda a riqueza do mundo fosse dividida igualmente entre todas as pessoas, em alguns anos os que antes eram ricos, voltariam a ser ricos, e os que antes eram pobres, voltariam a ser pobres".

      Excluir
  3. O tal do João Silva fez um relato bastante pessoal. Para ele, é necessário doar para conseguir continuar acumulando dinheiro. É uma necessidade psicológica. Se é informada por opiniões de esquerda, cristianimso, ou qualquer outra coisa é difícil saber...

    Acho que tenho um pouco disso também. E, tentando racionalizar, acho que tem alguma lógica. É doando para alguém que vai usar o dinheiro para atender uma necessidade básica que ele passa a entender o acúmulo do dinheiro como um meio e não como um fim em si mesmo. Assim, o ato de poupar se desgruda do que tem de patológico em todo colecionismo (a fixação simbólica na fase anal) e passa a ser mais aceitável para o acumulador.

    Mas, enfim... se há quem esteja enxergando espectro do comunismo ganhando forma em pleno ano de 2018, não sei nem se faz sentido citar Freud...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Então Jardineiro...

      Como eu disse, não tenho nada contra doações, pelo contrário, ter essa visão que você muito bem colocou - de que o dinheiro que temos a oportunidade de investir, muitos não têm para as necessidades básicas - é importante para aprendermos a valorizar o que temos e o que alcançamos, porém descordo veementemente que isso precisa ser feito para aliviar qualquer tipo de peso na consciência.

      Não sou indiferente com a situação dos menos favorecidos, porém não me sinto nem um pouco culpado por enriquecer enquanto outros estão passando fome, nem acho que alguém deveria se sentir assim.

      Se você pensar bem, muitos dos blogs da blogosfera de finanças fazem valiosas doações: de conhecimento. E meu nobre jardineiro, conhecimento é igual barra de ouro: vale mais do que dinheiro! =)

      Abraços!

      Excluir
    2. "Assim, o ato de poupar se desgruda do que tem de patológico em todo colecionismo (a fixação simbólica na fase anal)"

      Caceta, o que isso tem a ver? Colecionismo, fase anal? Ah vá!

      Excluir
    3. Um austríaco chamado Sigmund Freud escreveu há mais de cem anos algumas coisas sobre o desenvolvimento psicossexual da criança e os efeitos na formação da personalidade do adulto, mas nada importante, deixa pra lá... Vc responde minha indagação, não vale a pena citar nada mais profundo do que Robert Kiyosaki. Continuemos na seção dos best-sellers.

      Excluir
    4. Perdoe-me pelo meu intelecto raso formado por best-sellers, mas o que tem a ver poupar dinheiro com colecionismo e "fase anal"?

      Seria uma explicação da psicologia para a famosa frase "enfia o dinheiro no cu!"?

      Ironias a parte, queria realmente entender o que uma coisa tem a ver com a outra.

      Excluir
    5. Em uma explicação resumidíssima, uma questão não resolvida na fase em que a criança aprende a ter controle do esfíncter (1-3 anos, fase anal), pode gerar transtornos de personalidade no adulto que tem uma relação símbolica com "rentenção", por exemplo, avareza, acumulação compulsiva, etc.

      Excluir
    6. Ok, ok, to tentando entender... o que seria uma questão não resolvida da fase anal?

      Excluir
    7. Freud trata desse assunto em um livro chamado "Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade". Não é difícil encontrar na internet. O livro "A Interpretação dos Sonhos" também é básico para quem não tem familiaridade com o método psicanalítico.

      Excluir
  4. Olá Ministro,

    Eu já ouvi esse tipo de frase muito por aí.
    A maioria das pessoas não se esforçam. Querem tudo de graça.
    Doar é um coisa, agora dar dinheiro para tirar o peso da consciência aí já é brincadeira.

    Abraços.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é Cowboy, você frisou muito bem:

      "Doar é um coisa, agora dar dinheiro para tirar o peso da consciência aí já é brincadeira."

      Eu não acredito que faça sentido pensar que ao enriquecer alguém está sendo culpado pelo empobrecimento de outro, isso soa mais como autossabotagem financeira.

      Abraços!

      Excluir
  5. Existe muito, não só aqui, mas em muitos países a cultura do Robin Hood (Tirar dos ricos para dar aos pobres). Para quem está acima da média o que é dever é transformar seus ganhos em retorno a sociedade, e claro, não é dando dinheiro e sim retribuindo em conhecimento, em incentivo nos estudos, incentivo no empreendedorismo e tudo aquilo que possa trazer benefício para a sociedade.
    Vejo muito isso no perfil dos homens mais ricos do mundo, eles são filantropos natos, eles dão incentivo à pesquisas na área da educação, saúde, tecnologia e quaisquer outras áreas que possam impactar positivamente a vida das pessoas.
    Proporcionando isso às pessoas e a sociedade é o que os torna ricos tanto financeiramente quanto em vários outros aspectos da vida.
    Para ser rico, as pessoas a sua volta devem se desenvolver também.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo com você Anon!

      É aquela velha questão de dar o peixe ou ensinar a pescar. Dar o peixe pode nos trazer satisfação pessoal, por ter a sensação que estamos salvando a vida de um pobre coitado que estava prestes a morrer de fome, por outro lado, ao fazer isso estamos apenas perpetuando essa situação de miséria.

      Outrossim, quando nos empenhamos em ensinar a pescar, embora não tenhamos a satisfação de ver alguém sendo imediatamente beneficiado, contribuímos de forma mais efetiva para o desenvolvimento do próximo.

      Abraços!

      Excluir
  6. O pior é que isso é muito comum.

    A doação não é o problema, eu mesmo, pretendo doar no futuro, uma porcentagem dos meus rendimentos, não porque a pessoa é pobre, não pra "equilibrar o mundo", mas sim porque existe muitas pessoas boas por ai, lutando pra ajudar, deficientes, crianças abandonadas, idosos abandonados. Pretendo e vou ajudar.

    Agora a pessoa dizer aquilo, é porque ela nunca poupou, ela nunca abriu mão de algo, por aquilo que ela acredita. É ser comunista e ter um iphone (A famosa página do face kkkk).

    Todos que controlam o orçamento pra poder investir, sabem que cada 100 reais que foi investido, foi algo que você deixou de fazer ou de comprar.

    Infelizmente é aquilo, faça o que eu digo e não o que eu faço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E ai IR!

      Pois é, nada contra doações, sejam financeiras ou de qualquer outro tipo, mas o fato de outras pessoas terem uma condição menos favorável que eu, não me torna automaticamente culpado por isso.

      E como você destacou, nós que guardamos e investimos parte da nossa renda não fazemos isso por hobby ou porque somos capitalistas malvados, nós buscamos algo maior e abrimos mão de prazeres imediatos para buscar isso!

      Abraços!

      Excluir
  7. Eu odeio esquerdista e essa visão socialista de "sou rico, então explorei alguém e deixei alguém pobre, tenho que dividir o que eu tenho".

    Beira o absurdo essa "sensação de culpa" ou "sensação de injustiça", tal como o relato que você mencionou, simplesmente por estar ganhando dinheiro.

    É o tal do querer que todos sejam socialmente iguais, mas em vez de todos ficarem ricos, torcer para o rico ficar pobre, aí tá tudo certo, afinal, o que importa é a igualdade, mesmo que todos estejam na lama.

    Eu nem perco tempo discutindo ou tentando mudar a mente do "João Silva", fico na minha ouço, balanço a cabeça e sigo minha toada.
    Esses dias conheci um "João Silva", criticando os aspectos capitalistas usando sua melhor camiseta do Che Guevara. Quando acabou, pegou o iPhone, fez uma ligação ao gerente do banco para compra de um lote de ações de um banco e entrou em sua nova Equinox, recém lançada no país.

    É o rico com peso na consciência.

    Felizmente, eu não tenho essas neuras, fico na minha e só eu sei o que me custou para conquistar o pouco que tenho. Sem peso na consciência.

    Quando eu faço doações, faço porque a pessoa merece, é esforçada e tem condições de subir na vida, só falta aquele empurrão, não por "injustiça social" ou peso na consciência.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E ai IP!

      Pois é, você como um legítimo capitalista pode falar com propriedade, não tem o menor sentido esse negócio de culpa por enriquecer. Pelo contrário, ao enriquecer você, por meio das suas empresas, teve a chance de dar oportunidade de trabalho para muitas pessoas e impactar positivamente a vida delas.

      Isso que você mencionou é engraçado, os "engajados" adorariam que os ricos ficassem pobres para assim ficarem todos iguais, todos pobres. Mas por que não os pobres ficarem ricos e todo mundo ficar rico? Isso não entra na cabeça deles.

      "o capital é limitado", "poucos só podem enriquecer às custas da pobreza de muitos" e blá blá blá....conversa pra boi dormir.

      Sigamos trabalhando, poupando e investindo e deixemos os "João Silva" chorando de culpa no canto do quarto por sua conta bancária ser a causa da fome na África.

      Abraços!

      Excluir
  8. Olá Ministro,

    Poucas coisas me irritam mais que essa mentalidade.

    Vou escrever um artigo a respeito, mas a produção de valor do trabalho é absurdamente maior do que a da caridade.

    Abçs!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é II, lamentável mesmo.

      Interessante essa sua colocação. Eu não condeno a caridade, mas certamente não são esmolas que vão mudar a situação social dos menos abastados. Aguardo seu artigo.

      Abraços!

      Excluir