quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Cuidado Com a "Gourmetização" de Tudo, o Prejuízo Pode ser Grande!



Eu não sei exatamente há quanto tempo o fenômeno da gourmetização foi iniciado, suspeito que há muitos e muitos anos, porém nos últimos tempo essa tendência tem se alastrado de forma significativa e invadindo os setores e produtos mais inusitados, transformando experiências triviais, como comer um saco de pipoca, em algo totalmente "diferente e inovador" (pipoca com caramelo, coco e noz-pecã). Logicamente que para consumir esse "algo novo" o custo é diferente: enquanto um saco de pipoca normal custa uns R$ 5,00, um saco de pipoca gourmet pode custar mais de R$ 30,00. No universo masculino podemos citar os recentes fenômenos da gourmetização das barbearias e das cervejas.

Isso tudo é colocado na cabeça das pessoas de forma recorrente por meio de infusões massivas de marketing, que vão desde propagandas comuns, blogs e canais de Youtube especializados, até programas de televisão como Masterchef. As pessoas vão sendo levadas a pensar que elas PRECISAM experimentar aquela coisa diferente, que só se vive uma vez, que elas merecem aquela experiência "premium". E ai aquela velha resenha com os amigos tomando Skol, comendo petiscos e falando bobagens, que resultava numa conta aceitável para rachar com todo mundo, vira encontros sem sal e em bares de cervejas especiais, em que se paga por uma cerveja o valor total da conta de outros tempos.

A lista de produtos e serviços gourmets é interminável: barbearia gourmet, cerveja gourmet, café gourmet, restaurante gourmet, pipoca gourmet, churros gourmet, etc. A gourmetização tornou-se um trunfo dos empresários para conquistar e fidelizar seus clientes, porém por trás de uma experiência diferenciada está uma das maiores arapucas financeiras que podem ser montadas. É aquela coisa, depois de ver não dá pra "desver", ou seja, depois que você é inserido nesse mundo gourmet e é inundado de informações e confirmações externas acerca da "maravilha" daquele mundo, a possibilidade de você ficar preso é muito grande.



Retomando o exemplo que dei, o cidadão bebeu sua vida toda Skol e Antarctica e sempre lhe satisfez plenamente. Certo dia porém um amigo lhe convenceu a tomar uma cerveja diferente, pois esses lixos brasileiros não prestam. Ele provou essa cerveja importada e até gostou porém de início não achou que valeria a pena pagar 5x mais por ela, porém, com o tempo, o seu paladar foi se "refinando", ele foi estudando o assunto, lendo reviews de cervejas, participando de eventos cervejeiros, e hoje ele entende finalmente o que é uma cerveja de verdade, que custa, no mínimo, R$ 30,00 uma long neck, isso quando ele ainda não tinha decidido produzir sua própria cerveja, que tem lhe custado mais de R$ 100,00 por litro, porém nada como o sabor de uma cerveja artesanal feita no próprio quintal de casa, afinal de contas uma cerveja com aroma frutado e feita com água filtrada em recipientes alcalinos e ionizados faz toda a diferença!

Perceba que em um mudança de comportamento relativamente rápida, uma pessoa deixa de consumir uma cerveja de R$ 8,00 por litro, para pagar R$ 100,00 por litro. Será que a diferença da experiência entre uma e outra compensa tamanha diferença financeira? Eu duvido! O pior é que uma vez que alguém é atingido pelo "raio gourmetizados" é muito difícil voltar atrás.

E ai o corte de cabelo que custava R$ 15,00 passa a custar R$ 60,00; a pipoca que custava R$ 5,00 passa a custar R$ 30,00; o café que custava R$ 4,00 passa a custar R$ 25,00; a lasanha que custava R$ 15,00 passa a custar R$ 50,00 em sua versão lowcarb, e assim por diante....Essa é a receita perfeita para a derrocada financeira, pois aos poucos essas experiência gourmets vão ficando cada vez mais frequentes e vão corroendo o orçamento pessoal. E como todos sabemos para subir o padrão de vida é num piscar de olhos, mas para baixar são outros quinhentos.....

Então se você almeja grandes objetivos financeiros, fique de olhos abertos com o "raio gourmetizador" pois ele pode acabar com suas pretensões, destruir seu orçamento e frustrar seus investimentos.

E você é adepto de algum produto gourmet e acha que vale a pena? Ou conhece alguém que vende os rins para desfrutar de experiências premium? Comenta aqui embaixo!

Abraços,

Senhor Ministro

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Uma Análise Sobre os Fundos Imobiliários (FIIs) Com Alta Rentabilidade e os Riscos Envolvidos (Caso FAMB11B)

Fundos Imobiliários (FIIs) Com Alta Rentabilidade FAMB11B

O investimento em Fundos Imobiliários ainda é uma modalidade desconhecida por muitos brasileiros, mas vem crescendo a cada dia. Em Junho/2018 a B3 contabilizou cerca de 129 mil investidores pessoas físicas em fundos imobiliários contra 730 mil investidores individuais em ações. Apesar dessa grande defasagem em relação ao mercado acionário, é inegável que os FII vêm crescendo muito e caindo no gosto de novos investidores todos os dias.

Entretanto, no que tange à análise de Fundos Imobiliários no Brasil, ainda vejo algo muito incipiente. Não há muita literatura acerca do assunto e o número de especialistas é igualmente reduzido. Da mesma forma, não há uma maturidade de extração e estruturação de dados dos FII para auxiliar os investidores, como temos com as ações à exemplo do que fazem sites como Fundamentus e PenseRico.

Dessa forma, o processo de escolha de um FII para investir pode ser um enorme desafio para muitos investidores. Que parâmetros utilizar? Existem vários, por exemplo: localização do imóvel, padrão construtivo, idade do imóvel, valor do aluguel em relação ao praticado na região, quantidade de imóveis do fundo, quantidade de inquilinos de um imóvel, tipo e duração dos contratos, qualidade da gestora, etc.

Veja que são inúmeros critérios, alguns extremamente subjetivos, o que torna tudo mais difícil. E ai alguns investidores resolvem simplificar as coisas e utilizar AQUELE critério, o único, o soberano, o magnânimo, aquele que realmente importa: qual fundo está pagando mais. Em termos mais técnicos, chamamos isso de Dividend Yeld.

Caso você não saiba, o Dividend Yeld é o termo técnico utilizado para fazer uma espécie de medição da rentabilidade de um fundo e se dá pelo seguinte cálculo: Rendimentos/Preço da Cota. Supondo então que a cota de um determinado FII custe R$ 100,00 e ele esteja distribuindo mensalmente R$ 0,80 por cota, podemos afirmar que o DY mensal desse fundo é de 0,80%. Só a título de comparação a poupança está pagando hoje um “DY” mensal de 0,37%.

Então o critério do DY é excelente não? Assim podemos escolher os fundos imobiliários que irão nos dar maior retorno. Em tese é isso, porém quando se trata de mercado financeiro temos que lembrar sempre daquela velha máxima: quanto maior o retorno, maior o risco. Nos fundos imobiliários isso se aplica perfeitamente, e para mostrar os perigos de investir buscando apenas rentabilidade, vou citar um exemplo a seguir de um FII com alta rentabilidade porém com riscos significativos.

FAMB11B – Edifício Almirante Barroso

Como o nosso foco é buscar fundos imobiliários com altos rendimentos, vamos inicialmente dar uma olhadinha no DY desse fundos nos últimos meses:

Fundos Imobiliários (FIIs) Com Alta Rentabilidade FAMB11B

Repare na coluna "DY", esse fundo tem rendido mais de 1% ao mês e em agosto/2018 rendeu absurdos 1,6% ao mês!! Isso é muita coisa!! Só pra você ter uma ideia, se você investisse R$ 100 mil nesse fundo receberia todo mês R$ 1.600,00 de proventos. Se aplicasse os mesmos R$ 100 mil na poupança eles renderiam apenas R$ 370,00 por mês. Olha a diferença!



Mas calma, antes de abrir a sua corretora e sair comprando algumas cotas de FAMB11B vamos analisar um pouco melhor o fundo:
a) o fundo é detentor de apenas um imóvel, o Edifício Almirante Barroso;
b) Esse imóvel é integralmente locado para a CAIXA, ou seja, o fundo fica na dependência de apenas um inquilino;
c) O prédio é velho, precisa de reformas e quanto mais gastos com reformas, menos lucro para distribuir para os cotistas;
d) O fundo e a CAIXA não se entenderam sobre a prorrogação do contrato e atualmente vigora um contrato por tempo indeterminado sem multa rescisória, ou seja, a CAIXA pode sair do imóvel quando bem entender sem pagar multa;
e) Há boatos circulando na imprensa de que a CAIXA tem intenção de deixar o Edifício Almirante Barroso;
f) O imóvel está localizado em um dos estados mais falidos e com maior taxa de vacância do Brasil (Rio de Janeiro).

Perceba que após considerar esses fatos, aquele "rendimentão" de 1,6% já não fica mais tão bonito né? Já pensou se a CAIXA resolve deixar o imóvel, seria um caos para o fundo, que teria muitas despesas a arcar com reforma e poderia ter grandes dificuldades para locar seus espaços novamente e, quando o fizesse, faria por um preço de aluguel bem inferior ao atualmente praticado com a CAIXA. O próprio preço da cota reflete esses riscos, uma vez que em 1 ano o valor da cota caiu quase 50%.

Eu não sei na sua cidade, mas perto de onde trabalho tem alguns desses prédios antigões que foram desocupados por um grande inquilino e nunca mais foram locados. Dá pena ver o comércio da região, antes lotado, restaurantes cheios na hora do almoço e agora os poucos que sobraram vão lutando para conquistar os parcos clientes que sobraram.

Conclusão

Ao investir em fundos imobiliários pense que se está fazendo um investimento de longo prazo, portanto é preciso pensar não só nos rendimentos atualmente distribuídos pelo fundo mas a sua sustentabilidade no longo prazo e os principais riscos envolvidos.

Eu usei o FAMB11B como caso prático para a análise mas temos outros exemplos de fundos que pagam, ou pagavam, altos rendimentos mas que carregavam com si riscos significativos. O caso mais recente é o do MFII11, que já abordei aqui no blog, que tinha um dos mais altos DY do mercado mas que acabou tendo suas negociações suspensas em virtude de suspeitas de irregularidades.

De certo o mercado de informações relacionadas aos FII ainda tem muito a crescer e se democratizar, mas isso acontecerá com o tempo e com o próprio crescimento do mercado, afinal quanto mais consumidores mais profissionais interessados em gerar e rentabilizar conteúdo relacionado ao assunto.

Abraços,

Senhor Ministro

contato: mininvestimento@gmail.com


terça-feira, 7 de agosto de 2018

Atualização Patrimonial Julho/2018: R$ 247.259,96 (+ R$ 2.821,24) e Rentabilidade (+ 1,88%)


Vamos ao breve fechamento patrimonial, mantendo viva a chama do acompanhamento patrimonial. Esse mês não tenho muito a compartilhar em relação a investimentos porque simplesmente não aportei nada, motivo: em setembro farei uma viagem internacional e ainda estou avaliando os gastos (um bocado de preguiça também, confesso). O dinheiro acabou ficando parado na conta corrente e devo aportar nesse mês de agosto, portanto teremos um aporte turbinado em agosto, certamente um montante de 5 dígitos.

Infelizmente o destaque do mês foi o falecimento repentino do nosso colega VdC, inclusive fiz uma postagem prestando minha homenagem a essa figura icônica da blogosfera, que com certeza vai fazer falta. Tudo envolta do fato foi muito emblemático e surreal: VdC se dizia saudável e praticante de esportes e faleceu jogando futebol. VdC faleceu 1 mês após atingir a independência financeira. Muito triste...

Voltando às finanças, no mês de julho a bolsa deu uma recuperada, mas uma retomada concreta do crescimento acredito que só próximo ano, quando o(a) novo(a) Presidente da República assumir e expor sua agenda de desenvolvimento econômico para o país.

Vamos à carteira então:

Aporte: R$ 0,00 (dinheiro parado na conta corrente)

Carteira:




 Rentabilidade:


Fazia tempo que eu não via essa planilha assim toda azulzinha, coisa linda!

Renda Passiva

No encerramento do mês de julho/2018 pude comemorar uma marca muito interessante: atingi o montante de R$ 3.000,00 de renda passiva no ano. Tudo bem que ganhar R$ 3k em 7 meses é algo ainda muito longe da independência financeira, mas não deixa de ser uma baita marca. Se continuar nesse ritmo no final do ano vou ter atingido renda passiva superior a R$ 5.000,00.

Caso você esteja curioso, a fonte dessa renda foi a seguinte:

1. Dividendos e JSCP de Ações: R$ 420,20
2. Proventos de FII: R$ 801,40
3. Rendimentos Poupança: R$ 938,57
4. Rendimentos CDB: R$ 839,72

Ainda tenho renda passiva do aluguel do apartamento entretanto não vou colocar esses valores na conta pois a prestação do imóvel ainda é superior ao aluguel recebido.


Por hoje é só pessoal!

Abraços!

Senhor Ministro