terça-feira, 12 de junho de 2018

Se Você Não Acredita no Brasil, Não Invista na Bolsa

Se Você Não Acredita no Brasil, Não Invista na Bolsa


Calma! Antes que você pense que fui tomado por um sentimento ufanista em virtude da Copa do Mundo, te adianto que não é nada disso! Eu gosto de futebol e acho que o Brasil tem grandes chances de ser hexa, mas o papo aqui é finanças, mais especificamente: bolsa de valores.

O mês de maio foi um dos piores meses da bolsa nos últimos tempos, com quedas fortes em todos (ou quase todos) os ativos. Além de acompanhar a blogosfera eu também acompanho uma galera que fala de finanças no Youtube e Instagram, e o que percebi foi o seguinte: os investidores amadores não aguentaram ver seu patrimônio derretendo e caíram fora da bolsa. Já os investidores mais "antenados" decidiram aproveitar o momento para comprar pechinchas.

Mas uma coisa engraçada aconteceu: muitos investidores "antenados" começaram a "arregar". Muitos começaram a duvidar da capacidade de o Brasil e, consequentemente, da bolsa se reerguer. Alguns decidiram parar de aportar em renda variável e aguardar a turbulência passar, outros decidiram investir só no exterior. A breve experiência "venezuelística" que tivemos com a greve dos caminhoneiros  certamente contribuiu para essa descrença generalizada. Ficou escancarada a fragilidade política e econômica do país.

Como então investir em ações em um país tão instável? Será que num país como o nosso é possível pensar em investir em ações no longo prazo?

E pensando no agora, no meio dessa crise toda, é hora de aguardar as eleições e uma definição melhor do que será o país ou enxergar esse momento como oportunidade de investimento?

Não existe uma resposta certa ou errada para essa pergunta, mas uma coisa eu afirmo: se você não acredita que o Brasil pode melhorar e dar a volta por cima, não invista na bolsa. Por melhor que sejam as empresas listadas na Bovespa, todas estão expostas ao risco sistêmico, portanto se o Brasil tomar um rumo equivocado economicamente, todas as ações vão sofrer. Portanto investir na bolsa é acreditar que o Brasil do futuro pode ser melhor que o Brasil do presente, pelo menos economicamente falando.


Nesse momento há uma descrença generalizada no país, sentimento diretamente refletido na cotação das ações, que estão em queda livre. Nesse momento o Brasil está em baixa, com baixíssima credibilidade. Nesse momento cabe a você, investidor, perguntar a si mesmo se acredita que o Brasil, 9ª maior economia do mundo, pode dar a volta por cima (e aproveitar para pagar "barato" pelo Brasil), ou se você acha que o Brasil ainda não chegou no fundo do poço e o buraco ainda é mais embaixo.

Como estamos em clima de Copa do Mundo, vamos fazer uma analogia com a história do grande jogador Ronaldo "Fenômeno". Copa de 1998, Ronaldo, recém eleito o melhor jogador do mundo pela 2ª vez, era a maior esperança de gol para o Brasil, porém, na final da copa, sofreu de misteriosas convulsões que prejudicaram severamente o seu desempenho e que levou o Brasil a derrota de 3x0 pra França.

No ano seguinte, 1999, Ronaldo, jogando pela Inter de Milão, sofre uma lesão no joelho que resulta na sua primeira operação. Depois de 5 meses parados, ele retorna a campo no 2º tempo da final da Copa da Itália, contra a Lazio, depois de 6 minutos em campo ele acaba contundindo gravemente o mesmo joelho operado (imagem abaixo) e sai de campo chorando.

ronaldo lesão

Essa lesão deixou o jogador mais 1 ano e 3 meses fora dos gramados. Ronaldo volta a jogar em Julho/2001, exatamente 1 ano antes da Copa, porém em Dez/2001 mais uma lesão, mais 3 meses sem jogar. Naquele momento o jogador Ronaldo estava em baixa, muitos questionaram a convocação dele para a Copa do Mundo de 2002, afinal entre 1999 e 2002 ele passou mais tempo machucado do que em campo e tínhamos o baixinho Romário artilheiro do campeonato brasileiro na época. O resto da história vocês devem conhecer. Quem "comprou" Ronaldo barato antes da copa, deve ter "vendido" caro, depois do penta.

ronaldo

Abraços,

Senhor Ministro

contato: mininvestimento@gmail.com

quarta-feira, 6 de junho de 2018

O Tesouro Direto Pode Ser o Gatilho Para a Queda dos Fundos Imobiliários


Quando um investidor aplica seu dinheiro em fundos imobiliários ele está basicamente esperando duas coisas: recebimento de renda de aluguéis e valorização da cota acompanhando, por exemplo, a valorização dos imóveis do fundo.

Como os aluguéis, em regra, são reajustados pela inflação, o investidor fica tranquilo em relação à renda que ele está recebendo aumentar em linha com a inflação. Portanto se um FII hoje paga um DY de 8% ao ano, o investidor pode esperar que ele irá receber esses 8% a.a + Inflação ao longo dos anos.

Em contrapartida, a valorização dos imóveis é um "plus" a mais para o investimento porém não parece ser algo tão impactante. Em um estudo de 2015 que achei pela internet, foi realizado um levantamento da valorização REAL dos imóveis entre 1979 e 2015 e chegou-se ao número final de 1,23% ao ano.

É bem verdade que o valor da cota de um fundo imobiliário varia (pra cima ou pra baixo) por diversos fatores e não apenas pela valorização ou não do imóvel. Também é verdade que dependendo das condições de mercado e dos imóveis, os aluguéis podem não ser reajustado pela inflação e podem até sofrer redução. Não podemos esquecer que os fundos imobiliários são produtos de renda variável e, portanto, variam, não há linearidade.

Por outro lado, em oposição aos FII mas com algumas semelhanças temos um título público específico disponível no Tesouro Direto, aplicação mais segura e previsível,  trata-se do Tesouro IPCA+. Em síntese, esse garotinho garante ao investidor que o dinheiro aplicado seja reajustado pela inflação e renda um determinado prêmio, que varia dependendo das condições macroeconômicas. Hoje esse prêmio está em 5,89% ao ano.

Percebe-se nessa breve introdução que há semelhança entre o investimento em Fundos Imobiliários e no Tesouro IPCA+. Em ambos os casos o investidor espera que o valor aplicado renda um determinado percentual + inflação. Vamos analisar isso então:

O Tesouro IPCA+ está pagando hoje, sem risco: Inflação + 5,89% e os FIIs??

Com auxílio da plataforma de FIIs da Socopa, fiz um levantamento do DY anualizado médio dos fundos imobiliários integrantes do IFIX, baseado na última distribuição. Exclui apenas o KNRE11 que está com o DY distorcido em virtude de o fundo estar fazendo amortizações.

A partir desse levantamento, verifiquei que o rendimento anual (DY) médio dos fundos imobiliários que compõem o IFIX é de 7,01%.

Considerando que os rendimentos dos fundos contam, em tese, com reajuste inflacionário, a briga entre Tesouro IPCA+ e Fundos Imobiliários ficaria assim:

Tesouro IPCA+: Inflação + 5,89%  
Fundos Imobiliários: Inflação + 7,01%

Observa-se, portanto, que hoje ainda há uma vantagem de 1,12% a favor dos Fundos Imobiliários, que é justamente o prêmio pelo risco. A questão é: esse prêmio de risco me parece estar muito pequeno o que faz com que muitos investidores optem pela segurança e previsibilidade dos títulos públicos.

Nesse cálculo eu não levei em conta a valorização ou desvalorização da cota do fundo imobiliário, que é um componente relevante, mas só a título de curiosidade, considerando os mesmos ativos do IFIX, os FIIs variaram, em média -1,07% no ano.

Dessa forma, caso a taxa de remuneração do IPCA+ continue crescendo, a tendência é que haja uma migração de investimentos para os títulos públicos, o que irá impactar fortemente o mercado de fundos imobiliários, gerando forte quedas no mercado. Logicamente que caso isso aconteça, essa queda irá assustar muitos investidores, porém, quando a poeira baixar os mais preparados perceberão que é a oportunidade de pagar mais barato pelas cotas de FIIs aumentando assim o DY do investimento, e assim o mercado se equilibra.

Considerando a instabilidade política e a expectativa de aumento da inflação, se desenha um cenário propício para a ocorrência dos fatos narrados. Não sou economista nem gosto de futurologia, mas, na minha percepção, em breve (alguns meses) se abrirá uma boa janela de entrada em fundos imobiliários, corrigindo um pouco o mercado, que, como há um consenso, está muito esticado.

E ai, você concorda?

Abraços,

Senhor Ministro

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Atualização Patrimonial Maio/2018: R$ 238.706,06 (- R$ 2.828,23) e Rentabilidade (- 4,91%)

 
Uma nuvem negra pairou pela bolsa no mês de maio. A greve dos caminhoneiros escancarou um país frágil e debilitado, somando-se às perspectivas de aumento de juros americanos e ainda a proximidade de um das mais controversas e imprevisíveis corridas presidenciais das últimas décadas, os investidores, principalmente os estrangeiros, não perdoaram.

O resultado disso é que caiu tudo: ações, FII, tesouro direto e até as criptomoedas (que não tem qualquer relação com o cenário macroeconômico brasileiro) também caíram, ou seja, não sobrou pedra sobre pedra. Por outro lado, como relatei no post em que falo das lições de Peter Lynch, mercados em queda são ótimas oportunidades para comprar boas ações a preços mais baixos e foi isso que fiz, continuei aportando normalmente.

Vamos ao estrago então:

Aporte: R$ 2.830,25

Na verdade o aporte do dinheiro de maio vai totalizar algo em torno de R$ 5.800,00 mas o que foi efetivamente aportado em maio foi o valor acima, o restante estou aportando agora no comecinho de junho, portanto será contabilizada no fechamento seguinte.

Tal aporte foi destinado à compra de KROT3 e ITUB3. Com o que estou aportando agora no comecinho do mês comprarei duas grandes geradoras de dividendos: TAEE11 e SAPR11. Por enquanto sem aportes em FII's, a próxima reunião do COPOM ainda é uma incógnita e caso haja elevação dos juros, os FII's podem cair, então preferi aguardar. Posso estar errado, mas nesse momento vejo uma janela de oportunidade melhor nas ações.

A carteira fechou o mês assim:


Mesmo com o aporte, a carteira fechou com valor de quase R$ 3 mil inferior ao mês passado. Nos números de rentabilidade abaixo fica evidente os motivos disso:


Observa-se portanto que todos os produtos de renda variável (incluindo Tesouro Pré e IPCA, que se comportam como renda variável antes do vencimento) fecharam em fortes quedas. As carteiras de ações e FII fecharam assim:



Os papéis com melhor (ou menos pior) desempenho foram os seguintes: EGIE3 (0,0%), VRTA11 (-0,9%) e KNIP11 (-0,9%).

Os papéis com pior desempenho foram os seguintes: KROT3 (-22,8%), FIGS11 (-22,7%) e ABEV3 (-15,6%).

Então é isso, sigamos aportando, pois quando a maré virar estaremos bem equipados!

Abraços

Senhor Ministro