Calma! Antes que você pense que fui tomado por um sentimento ufanista em virtude da Copa do Mundo, te adianto que não é nada disso! Eu gosto de futebol e acho que o Brasil tem grandes chances de ser hexa, mas o papo aqui é finanças, mais especificamente: bolsa de valores.
O mês de maio foi um dos piores meses da bolsa nos últimos tempos, com quedas fortes em todos (ou quase todos) os ativos. Além de acompanhar a blogosfera eu também acompanho uma galera que fala de finanças no Youtube e Instagram, e o que percebi foi o seguinte: os investidores amadores não aguentaram ver seu patrimônio derretendo e caíram fora da bolsa. Já os investidores mais "antenados" decidiram aproveitar o momento para comprar pechinchas.
Mas uma coisa engraçada aconteceu: muitos investidores "antenados" começaram a "arregar". Muitos começaram a duvidar da capacidade de o Brasil e, consequentemente, da bolsa se reerguer. Alguns decidiram parar de aportar em renda variável e aguardar a turbulência passar, outros decidiram investir só no exterior. A breve experiência "venezuelística" que tivemos com a greve dos caminhoneiros certamente contribuiu para essa descrença generalizada. Ficou escancarada a fragilidade política e econômica do país.
Como então investir em ações em um país tão instável? Será que num país como o nosso é possível pensar em investir em ações no longo prazo?
E pensando no agora, no meio dessa crise toda, é hora de aguardar as eleições e uma definição melhor do que será o país ou enxergar esse momento como oportunidade de investimento?
Não existe uma resposta certa ou errada para essa pergunta, mas uma coisa eu afirmo: se você não acredita que o Brasil pode melhorar e dar a volta por cima, não invista na bolsa. Por melhor que sejam as empresas listadas na Bovespa, todas estão expostas ao risco sistêmico, portanto se o Brasil tomar um rumo equivocado economicamente, todas as ações vão sofrer. Portanto investir na bolsa é acreditar que o Brasil do futuro pode ser melhor que o Brasil do presente, pelo menos economicamente falando.
Nesse momento há uma descrença generalizada no país, sentimento diretamente refletido na cotação das ações, que estão em queda livre. Nesse momento o Brasil está em baixa, com baixíssima credibilidade. Nesse momento cabe a você, investidor, perguntar a si mesmo se acredita que o Brasil, 9ª maior economia do mundo, pode dar a volta por cima (e aproveitar para pagar "barato" pelo Brasil), ou se você acha que o Brasil ainda não chegou no fundo do poço e o buraco ainda é mais embaixo.
Como estamos em clima de Copa do Mundo, vamos fazer uma analogia com a história do grande jogador Ronaldo "Fenômeno". Copa de 1998, Ronaldo, recém eleito o melhor jogador do mundo pela 2ª vez, era a maior esperança de gol para o Brasil, porém, na final da copa, sofreu de misteriosas convulsões que prejudicaram severamente o seu desempenho e que levou o Brasil a derrota de 3x0 pra França.
No ano seguinte, 1999, Ronaldo, jogando pela Inter de Milão, sofre uma lesão no joelho que resulta na sua primeira operação. Depois de 5 meses parados, ele retorna a campo no 2º tempo da final da Copa da Itália, contra a Lazio, depois de 6 minutos em campo ele acaba contundindo gravemente o mesmo joelho operado (imagem abaixo) e sai de campo chorando.
Essa lesão deixou o jogador mais 1 ano e 3 meses fora dos gramados. Ronaldo volta a jogar em Julho/2001, exatamente 1 ano antes da Copa, porém em Dez/2001 mais uma lesão, mais 3 meses sem jogar. Naquele momento o jogador Ronaldo estava em baixa, muitos questionaram a convocação dele para a Copa do Mundo de 2002, afinal entre 1999 e 2002 ele passou mais tempo machucado do que em campo e tínhamos o baixinho Romário artilheiro do campeonato brasileiro na época. O resto da história vocês devem conhecer. Quem "comprou" Ronaldo barato antes da copa, deve ter "vendido" caro, depois do penta.
Abraços,
Senhor Ministro
contato: mininvestimento@gmail.com