Como todos sabem
aconteceu nos últimos dias o Rock in Rio, festival que ficou marcado nos anos
80/90 por grandes shows de rock, mas que nos últimos tempos tem adotado uma
postura mais eclética para o seu line up de artistas, criando determinados dias para artistas "pop".
Nesse ano, no fim de semana do
pop tivemos artistas como Maroon 5, Fergie, Ivete Sangalo, Skank, Alicia Keys,
Justin Timberlake, etc. Já nos dias do rock tivemos artistas como Aerosmith,
Guns n’ Roses, Bon Jovi, Red Hot Chili Peppers, Tears For Fears, The Who, etc.
Não estou escrevendo
esse artigo para falar do festival em si, nem de música, mas retratar uma certa
ideologia que a mídia brasileira vem disseminando. Quero discutir a seguinte
reportagem estampada, semana passada, com destaque na capa UOL:
Bem sugestivo o
título, afinal como é possível que o rock seja mais conservador que o pop?
Vamos analisar rapidamente os argumentos do autor. Vou destacar aqui alguns
trechos do artigo, e quem quiser lê-lo na íntegra (não recomendo), fique a vontade.
Veja o tipo de coisa
que o autor escreve:
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O rock era a perversão, o underground, o
desvario, o circo pegando fogo, o caos. O pop aceitava tudo com “sins” e o rock
negava tudo com seus “nãos”. E agora começa o fim de semana do rock, que tornou-se
um gênero conservador.
Mas parte da música pop que desfilou no
primeiro fim de semana do Rock in Rio dizia “não”. Estava nas letras
politizadas de Rael e de Elza Soares, na participação de uma líder indígena
brasileira no show de Alicia Keys, no beijo redentor entre Johnny Hooker, Liniker
e nos discursos de Roberto Frejat, Samuel Rosa e Evandro Mesquita em seus shows
no festival, na presença intrusa da esnobada Anitta através da participação de
Pabllo Vitar, nos “fora, Temer” instantâneos e até no constrangedor protesto
puxado por Ivete Sangalo e Gisele Bundchen ao som de “Imagine” de John Lennon.
E assim o pop começou a funcionar como uma
forma de desafiar o status quo, mirando em temas e discussões que antes eram
típicas da mentalidade do rock. Abraçando direitos civis, questões de gênero e
sexualidade, minorias e o meio ambiente, este novo pop estabelece os próprios
valores, em vez de adequar-se aos existentes.
É o extremo oposto do que vem acontecendo com o
rock – e o rock que acontece neste segundo fim de semana do Rock in Rio vem
sendo representado pelos headliners Aerosmith, Bon Jovi, Guns’N Roses e Red Hot
Chili Peppers.... Deixaram todo o senso de periculosidade e de
provocação no passado, alimentando uma caricatura de rockstar que pertence ao
século passado.
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Resumindo, esse
artigo, estampado na capa de um dos maiores portais de
notícias do Brasil, diz basicamente o seguinte: se você não é militante de
alguma “minoria oprimida” você não presta, você é conservador, você é
retrógrado.
Se não tem um beijo
gay, é conservador. Se não tem algum homem vestido de mulher ou mulher vestido
de homem, é conservador. Se não tem alguém fazendo um discurso vazio e manjado
sobre política ou gritando "fora Temer", é conservador. Se não tem alguém regando uma plantinha, é
conservador. Se não tem um mulher dominando um homem, é conservador.
Chega a ser assombroso
um jornalista levantar o nome de Anitta, Pablo Vittar, Liniker (?), como
artistas progressivos e subversisvos com seus “rebolar na sua cara” e afins, e
dizer que Guns n’ Roses e Aerosmith são caricaturas de rockstar do século
passado.
Qualquer tipo de
comparação entre esses artistas é absurda, estamos falando de bandas de rock
que estão há 40, 50 anos na estrada, com músicas viscerais e de alta qualidade,
fazendo sucesso e conquistando fãs no mundo inteiro. Por outro lado, daqui a no
máximo 2 anos, ninguém se lembrará quem foi Pablo Vittar.
Se por acaso
existisse (e deve existir) alguma banda de rock subversiva, que, por exemplo,
questione a atual ditadura das minorias ou o politicamente correto, tal artista nunca chegaria perto de
tocar nem na rádio comunitária de Pindamonhangaba. Nessa geração mimizenta,
politicamente correta, e dominada ideologicamente por "minorias oprimidas", artistas como Pablo
Vittar, Anitta, Ivete Sangalo, Liniker, não são artistas subversivos, mas apenas
parte do establishment atual. Como alguém comentou lá na reportagem, “o
conservadorismo é a nova contra cultura”.
Pra fechar, cito um fato que aconteceu na semana passada. Estava assistindo NFL na ESPN, e os narradores (Everaldo Marques e Paulo Antunes) são bem "zoeiros", daí fizeram uma campanha no Twitter para os telespectadores mandarem bordões para que eles usassem durante o jogo.
O bordão vencedor foi o seguinte "volta pro mar oferenda". Ou seja, eles iam falar isso em alguma situação de jogo, só na zoação mesmo, como eles sempre fazem. Entretanto, logo após o intervalo, o narrador se desculpou ao vivo pelo bordão selecionado, pois ele poderia conter ofensas religiosas, e cancelou a campanha de bordões. Tá difícil viver nesse mundo de mimimi....
Abraços,
Ministro