quinta-feira, 19 de agosto de 2021

A Vida Real de um Negócio Online


Com o advento da pandemia e os lockdowns implementados no mundo todo, a economia tradicional foi duramente impactada. Com os comércios impedidos de abrir as portas e as pessoas presas em casa, muitos pequenos empreendedores não aguentaram a pressão e fecharam as portas.

Os que conseguiram sobreviver ou até crescer no meio desse caos foram aqueles que conseguiram se adaptar mais rapidamente à única forma de negócio que um lockdown não pode parar: um negócio online. Milhares de empresário foram subitamente obrigados a expandir sua presença online ou mesmo criar do zero novos canais de vendas na internet.

Já relatei antes que desde 2019 venho tocando, em paralelo ao meu emprego, um negócio online e o que vou relatar aqui é baseado em experiências da vida real. Isso porque se vende muito a ideia que é fácil faturar 6 dígitos no online com liberdade de tempo e geográfica, mas a realidade não é bem assim. Para ilustrar vou usar um exemplo fictício mas baseado em situações reais.

Imagina só o dono de uma escola de inglês. Antes ele atendia na sua escola os alunos, em sua maioria do bairro. Além disso as turmas tinham limitação de vagas pelo tamanho do espaço físico. Agora no online ele pode ter alunos do Brasil (e do mundo) inteiro e pode admitir quantos alunos quiser por turma, não há limites!

Além disso os custos são muito menores, não precisa pagar aluguel, a quantidade de funcionários é muito menor, não precisa pagar energia, água, etc. A margem de lucro é bem mais alta.

O mundo perfeito né?

A VIDA REAL NÃO É BEM ASSIM

É meus amigos, mas as coisas não são tão coloridas assim. A parte mais difícil de se ter um negócio online é a falta de barreira de entrada (inclusive isso é algo que eu prezo muito ao analisar uma ação para investir). Isso porque TODO MUNDO está na internet.

Pensa aí, a escola de inglês do bairro, ao migrar pra internet, perdeu uma grande vantagem competitiva que era o espaço físico, agora ela está concorrendo no mesmo espaço que milhares de outras escolas, do mundo todo. O aluno que antes ia feliz pra sua aula presencial pagando R$ 100 por mês, começa a se questionar se compensa continuar naquela escola, com aula online, se ele pode pagar R$ 60 numa XYZ English com professores nativos. Ou então porque não fazer aquele curso do professor famoso que bomba nas redes?

O processo de construção de vantagem competitiva no online é totalmente diferente do presencial. No presencial você constrói uma fachada chamativa, investe numa boa estrutura física e em horários de funcionamento que atendam bem seu público, treina vendedores para serem receptivos, faz uma divulgação em alguns estabelecimentos da região, etc.

Um negócio online é diferente, as principais vantagens competitivas são conexão e confiança. As pessoas vão comprar de você se elas, de alguma forma, se conectarem com você ou sua marca e confiarem que você e sua empresa entregarão o que promete.

E construir confiança e conexão não é tão trivial assim, exige presença, exige constância, é um processo de médio/longo prazo, é preciso muita paciência e resiliência. A escola de inglês, por exemplo, tem que estar diariamente postando conteúdo educacional e engraçadinho em suas redes sociais, os professores precisam gravar vídeos fazendo gracinhas, a escola precisa estar com anúncios rodando constantemente e sempre inovando nos anúncios pois existem milhares de outras escolas fazendo anúncios parecidos.

Além disso é um ambiente que muda extremamente rápido, exige um nível absurdo de adaptabilidade. No negócio físico o cidadão constrói sua escola de inglês e de ano em ano faz uma reforminha, a coisa é mais perene. No online é mudança toda hora: a plataforma de anúncios mudou, o anúncio que performava não está virando mais, a rede social não está mais entregando conteúdo, foi criada uma nova rede, foi criado um novo formato de conteúdo, tem que gravar vídeo no Youtube, live no Instagram, aparecer nos stories, etc.

Quem empreende no online não tem sossego. Sabe aquele pessoal mexendo num notebook na praia e dizendo que ter um negócio online dá liberdade? Ilusão, muitos empreendedores online são verdadeiros escravos do negócio, assim como muitos empreendedores de negócios físicos também o são.

ENTÃO NÃO VALE A PENA?


Claro que com o tempo, se o negócio conseguir atingir um certo nível de escala, dá pra ir delegando mais coisas, construindo equipes especializadas, abrindo mão de margem em prol da "automatização", mas aí vai virando uma empresa tradicional, com amarras e estrutura de custos parecidas com um negócio físico.

Meu objetivo não é desanimar quem pretende ter um negócio online, mas mostrar que por trás da liberdade de "trabalhar onde quiser" que mostram por aí, existe muito suor, muita dedicação, muito trabalho duro, assim como qualquer outro negócio.

Minha percepção atual é (baseado na minha vivência): ter um negócio online pra tirar uma renda extra é algo possível para muitos, mesmo rodando com uma estrutura amadora, às custas, porém, de bastante dedicação. O principal custo é mental com a dificuldade conciliação com outro trabalho.

Porém ter um negócio de verdade no online, para viver dele, exige outro nível de dedicação, investimento e profissionalismo, que, acredito eu, só alcançará aqueles que realmente estiverem dispostos a abraçar o risco de empreender e ter um plano claro de ter o negócio como trabalho principal e abandonar o emprego tradicional.

Se você já teve ou pensa em ter um negócio online, deixa aí nos comentários qual é sua percepção sobre o mundo do empreendedorismo online e compartilhe suas experiências.

Abraços,

Senhor Ministro

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Onde a Blogosfera de Finanças se Perdeu?

Eu estou assumindo aqui o enorme risco de ser injusto, afinal já tem bastante tempo que não acompanho com assiduidade a blogosfera, mas dando uma zapeada de vez em quando a impressão que eu fico é que a blogosfera perdeu sua identidade.

Se você pensar, identidade é algo complexo, que dificilmente se cria da noite pro dia e que, na maioria das vezes, surge naturalmente, sendo construída aos poucos.

Eu comecei a frequentar as bandas de cá em 2016 por meio do saudoso Blog do Pobretão, talvez o personagem mais marcante da história da blogosfera e que foi a porta de entrada para milhares de outros blogueiros e leitores.

Não sei se estou sendo apenas saudosista, mas olhando pra trás me parece que nessa época a blogosfera tinha muito mais "brilho" eu eu atribuo isso a alguns fatores, mas o principal deles é que naquela época tínhamos GRANDES contadores de história postando com assiduidade como o Pobretão, Viver de Construção, Corey, Seu Madruga, Frugal Simples, etc. Tínhamos também mais conteúdo técnico de qualidade, como os do Soul Surfer.

Minha impressão é que hoje nós não temos mais nenhum storyteller que consiga a retenção que esses acima tiveram, nem temos conteúdo técnico de qualidade, que gere debates enriquecedores.

Tenho visto algumas pessoas dizendo que houve migração para o Youtube e tenho minhas dúvidas. A linguagem do Youtube é outra, o processo de produção de vídeo é muito mais trabalhoso, além disso a manutenção do anonimato no Youtube é mais complicada.

Porém tenho reparado uma boa quantidade de novos perfis no Instagram de pessoas compartilhando suas jornadas de investimento, assim como sempre foi por aqui, mas a pegada não é a mesma. Lá não se cria o senso de comunidade que temos (ou tínhamos aqui). Provavelmente esse pessoal vai desistir com a falta de engajamento. São potenciais grandes bloggers sendo desperdiçados no mainstream das redes sociais, vivendo a ilusão de serem os novos Primos Ricos.

MAS O QUE ESTÁ FALTANDO?

Não sei exatamente, mas acho que está faltando um camisa 9, aquele jogador de referência no time, ou seja, aquele blog que consegue centralizar a comunidade em volta dele, que consegue atrair público externo e introduzir esse público à comunidade e a filosofia que se prega aqui.

Esse papel foi brilhantemente cumprido pelo Pobretão e o saudoso ranking de patrimônio da blogosfera. Não lembro exatamente os valores do ranking mas acho que hoje eu já conseguiria participar da Série A, isso na época era surreal pra mim.

BELEZA MINISTRO, VAI FICAR AÍ SÓ CHORANDO?

Da minha parte vou tentar agregar eventualmente com um conteúdo mais técnico (sem ser maçante) por aqui e trazer uma visão mais madura sobre investimentos. Dando uma zapeada em alguns blogs tenho percebido que pouco tem se abordado questões de análise e seleção de ativos e os que o fazem é de forma bem superficial.

E claro, vou tentar trazer algumas boas histórias também, discussões sobre carreira, concursos, negócios, renda extra, etc. Não tenho como fazer isso com assiduidade e regularidade, mas estarei presente.

Nesse últimos 4 dias tenho lido bastante coisa por aqui e voltando a me conectar com a minha essência quando comecei a investir. Nos últimos anos o meu consumo de conteúdo sobre investimento tem sido focado mais no Instagram e Youtube, principalmente com profissionais do mercado e a vibe é outra, principalmente porque esse pessoal só está compartilhando conteúdo porque esperam vender algo posteriormente.

Quem assistiu às Olimpíadas deve ter reparado nas competições de Skate, onde o pessoal estava ali competindo uns com os outros mas havia um grande senso de camaradagem, onde todo mundo se conhece e se apoia. Diferente de um futebol por exemplo, acabou o jogo é cada um pro seu lado e a competitividade é muito elevada.

A blogosfera é o skate, YT e IG é o futebol.

Mas é isso, não deixemos a blogosfera morrer!

Se alguém tiver sugestões de novos bons blogueiros postando com assiduidade, deixem ai nos comentários para eu atualizar o blogroll (eu nem lembro como faz isso rsrs)

E você que me lê, qual sua visão sobre a Blogosfera de finanças atualmente?

Abraço,

Senhor Ministro

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Atualização Patrimonial Agosto/2021: R$ 482.942,19


Faz tempo que não escrevo aqui, na verdade nem sei se alguém ainda lerá isso, de todo modo deixo registrada aqui a minha evolução patrimonial.

Desde que comecei a escrever esse blog, no começo de 2017, muitas coisas aconteceram, minha visão sobre investimentos e independência financeira amadureceu muito, mas não posso deixar de ser grato à essa comunidade que me abriu os olhos para esse maravilhoso mundo dos investimentos.

O PLANO DO MILHÃO

Em Maio/2017 eu fiz ESSE POST onde detalhei o meu plano para chegar ao meu primeiro milhão ao final de 2025. Vou colocar abaixo o gráfico que fiz lá naquele post

Meu Plano - Feito em 2017 - Para o Primeiro Milhão

Obviamente que essa é uma projeção simplista, feita apenas na base do cálculo de juros compostos, considerando as variáveis "aporte" e "rentabilidade" como estáveis, algo que, sabemos, não corresponde à realidade.

Na prática, coletando informações do TradeMap e fazendo alguns cálculos grosseiros, a minha rentabilidade foi de, em média, 2% ao mês, contra a projetada de 0,7%. O aporte previsto - de R$ 4.000 mensal -, no entanto, teve tendência de queda uma vez que os gastos só aumentaram, tanto pela inflação galopante como pelo aumento da família, e o salário permaneceu praticamente estagnado em todos esses anos.

Dessa forma é muito difícil que eu encerre 2021 com os cerca de R$ 560 mil planejado nesse gráfico acima, isso, contudo, não me impede de comemorar a proximidade com a marca simbólica dos R$ 500 mil de patrimônio.

A verdade é que nenhum plano sobrevive ao campo de batalha e que a busca do equilíbrio entre viver o presente e guardar pro futuro é muito mais complexa do que planilhas podem capturar.

MEU PATRIMÔNIO

Fato é que meu atual patrimônio é de R$ 482.942,19 divididos da seguinte forma:

Renda Variável: 36,2%

Renda Fixa: 34,5%

Imóvel de Renda: 26,7%

Criptomoedas: 2,6%

Para os próximos aportes a prioridade é aumentar a exposição em Bitcoin e investimento no exterior (que ainda tem uma alocação pequena na carteira).

Algumas ações que tenho em carteira tem me deixado um pouco desconfortável, como M. Dias Branco e Grendene, empresas muito dependentes de incentivos fiscais e que vem apresentando extrema dificuldade para crescer, cada uma por seus motivos.

Também estou incomodado com alguns FIIs que investi no comecinho, quando ainda não sabia de muita coisa, inclusive já me livrei de dois: FIGS e SPTW, dois lixos. Também estou refletindo sobre o FIIB e MFII. O imóvel do FIIB é excelente, mas mono-imóvel é complicado. Já MFII por ser um fundo de desenvolvimento tem um perfil de risco mais elevado, portanto a tendência é que eu reduza posição nele.

RENDA EXTRA

Desde 2019 venho desenvolvendo um negócio em paralelo ao meu "trabalho normal", por questões pessoais não vou dar mais detalhes sobre ele. De todo modo, em 2019 eu amadureci o negócio e 2020 foi o ano em que comecei a faturar de verdade. O faturamento bruto em 2020 chegou próximo a R$ 100 mil e deve ter sobrado uma margem líquida de 30% pra mim.

O que tiro desse negócio tem me ajudado a segurar os aportes pois se fosse depender somente do que sobra dentro do orçamento "normal" minha evolução patrimonial seria a passos de tartaruga.

Minha ambição com esse negócio era que se tornasse algo realmente grande e que eu pudesse até pensar em, no futuro, viver só disso, mas no patamar que estou rodando atualmente só dá pra funcionar como renda extra mesmo. 

Fato é que o nível de dedicação e profissionalização que o mercado tem exigido está além do que eu sozinho posso fazer, e isso vem se refletindo na queda de resultados que vem também me gerando um pouco de desânimo. Até já pensei em contratar alguém fixo pra me ajudar, mas eu odeio gerenciar pessoas, é um bloqueio que tenho. 

No fundo, por eu ter a segurança de ter um bom salário me resguardando, eu não consigo encarar o negócio com todo "tesão" que é necessário. A urgência e a necessidade fazem milagres acontecer.

A única coisa que sei é que não tem Plano B, esse foguete vai decolar, só ainda não descobri como ou quando.

CONCLUSÃO

Então é isso senhoras e senhores, isso não é um retorno, somente um olá. A vida adulta é cheia de compromissos e a gente acaba tendo que priorizar as coisas.

De todo modo, se você chegou até aqui comenta aí embaixo, só pra eu saber que não estou escrevendo para as paredes.

Um abraço!

Senhor Ministro