terça-feira, 9 de outubro de 2018

O Que Realmente Está em Jogo na Disputa Entre Bolsonaro e Haddad

 
Cá entre nós, os candidatos escolhidos para disputar o 2ª turno não são necessariamente os melhores, na minha opinião os melhores expoentes da direita e esquerda eram, respectivamente, João Amoêdo e Ciro Gomes, mas bem, é o que temos para hoje.

Minha proposta com esse artigo é deixar o tema "corrupção" um pouco de lado e discutirmos, entre os dois projetos que estão postos, qual deles tem o maior potencial de fazer o país crescer novamente.

As diferenças entre os dois candidatos que disputam o 2º turno são inúmeras, mas a principal delas é a sua orientação acerca do papel do Estado, enquanto Bolsonaro assume uma linha mais liberal, com enxugamento de ministérios e privatizações, Fernando Haddad mantém-se na linha do Estado de Bem-estar Social. Eu já falei um pouco sobre isso aqui no blog, mas vou dar uma nova ótica para aqueles que ainda estão em dúvida acerca do assunto.

Qual a diferença entre esses dois projetos de governo? Tudo depende do grau de liberalismo que o Bolsonaro pretende implementar (algo ainda incerto), mas a ideia central da corrente de pensamento liberal é que a solução dos problemas do país não está no Governo mas sim nas pessoas, portanto o papel do Governo é dar um ambiente que permita que as pessoas tenham liberdade para agir. Já o Estado de Bem-estar Social é aquela ideologia que prega que o Governo deve ser o protagonista das soluções dos problemas do país.

Pra ilustrar e exemplificar a diferença entre essas duas filosofias vou dar um exemplo prático: a Lei Rouanet.  Resumidamente a Lei Rouanet dá desconto no imposto de renda para empresas que patrocinam projetos culturais, em outras palavras, o Governo investe (deixa de arrecadar), por ano, R$ 1 bilhão apoiando os mais diversos projetos culturais. E qual é a principal questão? As maiores empresas culturais que se beneficiam da Lei Rouanet são sempre as mesmas, de uma forma que chegou-se ao ponto em que sem o apoio estatal elas não conseguiriam sobreviver, ou seja, criou-se um "Rouanet-dependência" no mercado cultural.

Veja que nesse exemplo o Estado assumiu o papel de "pai" da cultura, assumindo-a como sua "filha", lhe devendo amor, afeto e, obviamente, lhe sustentando. O problema disso é que cria-se a dependência da filha para com o seu pai, dificilmente essa filha vai conseguir caminhar com as próprias pernas. Algo semelhante acontece com grandes companhias que recebem isenções fiscais para instalar suas fábricas em determinadas localidades. Tais empresas acabam "incorporando" essas isenções às expectativas de resultados financeiros, criando-se também um grau de dependência estatal.




Por isso que o que eu defendo é, ao invés do atual "Estado Pai" um "Estado Amigo". Numa relação de amigo/amigo não existe a obrigação de um sustentar o outro, pelo contrário, o amigo enxerga que seu companheiro está numa situação difícil e o ajuda com um empréstimo, com uma palavra de apoio, com alguns conselhos, sempre na expectativa que ele saia do buraco e caminhe por si só posteriormente. Por isso, penso que quando o Estado atua sobre um setor ou segmento da população ele deve fazê-lo em caráter transitório, visando sempre que aquele setor ou segmento populacional consiga se alavancar e caminhar com as próprias pernas.

Obviamente que um "Estado Pai" tende a se capitalizar mais eleitoralmente, pois os filhos costumam ser mais fiéis aos pais do que aos amigos, porém pensando-se no bem da nação, penso que chegamos ao momento de repensar essa tentativa de implementar o Estado de Bem-estar Social num país como o Brasil, algo que já provou-se inviável.

O que você acha disso?

Abraços,

Senhor Ministro

14 comentários:

  1. Fala, Ministro!

    Achei interessante a analogia entre Estado Pai e Estado Amigo.

    Meu pensamento segue mais essa linha liberal.

    Acredito que os dois lados tem a agregar em diferentes pontos e não gosto muito dessa polarização exagerada.

    Abraços!

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    1. E ai Engenheiro!

      De fato eu respeito a opinião dos dois lados no que concerne a assuntos econômicos ou papel do Estado na sociedade, são duas filosofias válidas.

      Entretanto a social democracia tem sido buscada no país há mais de uma década, sem sucesso, portanto penso que é hora de virarmos um pouco para o liberalismo.

      Abraços!

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  2. Impossível falar algo relacionado ao PT e ignorar o fator corrupção.

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    1. Quis abstrair dessa discussão para não perder o foco, porém você tem toda razão. O quanto o PT roubou a nação não tem justificativa nem desculpa, o pior é que o partido nem sequer fez mea culpa ou sinalizou punir os envolvidos. Uma lástima.

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  3. acredito que a imensa maioria da Finansfera vai pra partidos de direita que pregam um Estado mínimo dando mais autonomia e participação para as empresas. Empresas lucrando mais, nós investidores agradecemos, fora que gera emprego e consequentemente mais renda para população.

    Nunca votei e pretendo não votar em esquerda.

    Pena que Amoedo não ganhou.

    Chegar no 2o turno e ver a foto do Bolsonaro e apertar "confirma" é de doer. No entanto é o que temos pra hoje!!!

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    1. E ai Kspov,

      Certamente um governo liberal favorece os investidores, porém mesmo tirando o "chapéu" de investidor, vejo o projeto liberal como algo mais benéfico para o país como um todo, mais desenvolvimento, mais renda, mais emprego, bom pra todo mundo, ricos e pobres.

      Realmente é uma pena o Amoêdo não ter passado, mas acho que tanto ele como o partido Novo saíram muito fortalecidos dessa eleição, nos próximos pleitos pode vir coisa boa!

      E é isso, eu nunca imaginei que votaria no Bolsonaro, antes de começar as pesquisas eu sinceramente achava que a candidatura dele era só fogo de palha, mas bem, fomos colocados contra a parede, estamos num momento delicado, não dá pra se omitir, portanto ruim com ele, pior com o outro.

      Abraços!

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  4. Ministro você pisou na bola dessa vez hein, BEM ESTAR SOCIAL ? o PT ? O mesmo PT que saqueou e loteou o Estado e Estatais ? Só se for o bem estar deles mesmos já que o PT é uma quadrilha. #PTNÂO

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    1. E ai Anon,

      O Estado de Bem Estar Social, também conhecido como Welfare State, é o modelo de Estado que o PT alega defender. Logicamente que rolou todo o lance de aparelhagem e corrupção, o que não condiz com modelo nenhum de Estado, mas tão somente um projeto de perpetuação no poder às custas de esmolas e desvios de recursos públicos.

      A minha discussão é entre os dois modelos de estados, independente do histórico do PT, por isso que eu disse que ia deixar o tema corrupção de lado. A conclusão é que mesmo se o PT fosse um partido totalmente honesto, o modelo de Estado que eles pregam não funciona no país, está fadado ao fracasso.

      Logicamente que, em se tratando de PT, além de eles defenderem um modelo de governo insustentável ainda tem o "plus" de o partido ser uma verdadeira organização criminosa.

      Conclusão: pensando racionalmente, e mesmo fazendo um tremendo esforço pra colocar um pouco de lado o tema "corrupção", em nenhuma hipótese votar no PT pode ser a melhor opção.

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    2. Sr Ministro, veja o plano de governo do PT, não tem nada de bem estar social lá, apenas desprivatizações, regulação de mídia, aparelhagem estatal, soltar os presos (lula inclusive) e nova constituinte pra diminuir o poder do judiciário e do ministério público.

      Basicamente os nossos medos se confirmaram, estão aberta e descaradamente querendo transformar o Brasil na Venezuela.

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    3. Concordo com você, porém entenda que o nome "bem estar social" não foi inventado por mim ou pelo PT, é uma antiga corrente de pensamento econômica/filosófica, mas é a corrente que o PT defende, o próprio Haddad falou isso no JN essa semana.

      Porém, na prática, sabemos que o modus operandi do PT passa muito longe de promover o efetivo bem estar social, mas tão somente se perpetuar no poder por meios de instrumentos populistas e desvio de recursos públicos.

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  5. Fui de Amoedo no primeiro turno. Agora é o jeito ir de Bolsonaro mesmo.

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    1. E ai Windson,

      Também fui de Amoêdo no primeiro turno e agora, diante das duas opções, também vou de Bolsonaro, embora muito a contragosto.

      Abraços!

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  6. Fui de Amoedo no primeiro turno e irei de Haddad.
    Eu concordo que parece de fato incoerente, no entanto, democracia é algo que levo muito a sério, pois não conheço um país desenvolvido e com as pessoas possuindo um bom padrão de vida que não são democracias fortes, logo votar em um candidato que defende abertamente a ditadura militar, além de outras atrocidades, não me parece sensato.
    Queria muito o Amoedo, ou até o Alckmin como presidente, porém na minha visão está posta a escolha de defensor da ditadura e defensor da democracia. Tem toda essa história de Haddad ser defensor da ditadura da Venezuela, mas ué, e o Bolsonaro ser defensor da ditadura no Brasil não é problema então ? Desculpe, mas duvido muito que o Haddad, mesmo que tente, consiga tornar o Brasil numa Venezuela e como o PT já ganhou as últimas eleições e nada assim aconteceu, duvido que irá acontecer agora.
    Eu sei que essa visão é minoritária e respeito todas as visões contrárias a minha, porém como já disse, prefiro escolher a democracia.

    Antes de investidor sou humano e cristão e espero que todos se ponham assim quando for votar.

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    1. E ai Anon,

      Entendo e respeito sua opinião e conheço algumas pessoas que pensam assim também. As declarações do Bolsonaro, principalmente de defesa da ditadura são muito toscas, lembro que no impeachment da Dilma ele dedicou seu voto ao General Ulstra e ali eu pensei "pronto, ele acabou de enterrar a sua candidatura a presidente", porém, como vimos, não foi bem o que aconteceu.

      Por outro lado, o país já está saturado de 16 anos de administração PT, partido que mostrou-se uma máquina de corrupção e populismo barato.

      Nesse momento delicado eu prefiro dar meu voto de confiança ao Bolsonaro, confiar que ele será bem assessorado e terá uma proposta de governo que leve o país para o crescimento (sustentável). Temos instituições fortes e bem consolidadas, sinceramente não vejo tanto risco assim à democracia.

      Abraços!

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